sexta-feira, 24 de julho de 2015

Por que Birdman é um dos filmes mais geniais dos últimos anos ?

Birdman começa com um trecho extraído de um poema da autoria de Ray Carver (Late Fragment), encontrado no livro "A New Path to the Waterfall". Esse, um dos últimos escritos de Carver que morreria aos 50 anos com câncer, diz o seguinte:

"E você, conseguiu o que queria da vida apesar de tudo?
Eu consegui.
E o que você queria ?
Poder chamar-me de querido, e ser amado neste mundo"

Logo em seguida, a edição do filme faz uma reposição das letras do logotipo do filme com as letras que estavam em tela e temos isso:


É difícil ser categórico em dizer sobre o que Birdman trata, porém não seria pretensioso dizer que é um filme sobre renúncia, um retrato da contemporaneidade e sobre amor. Iñárritu não me deixa mentir logo nos primeiros minutos de projeção.

Para situar a coisa toda, Birdman é um filme que faz uso magistral da metalinguagem. Acompanhamos a história de Riggan Thomson (Michael Keaton, brilhantemente) que nos anos 80 teria brilhado interpretando uma franquia famosa de super-herói, chamada Birdman (não, não é o personagem da Hanna Barbera). Porém, ao ter recusado fazer parte de Birdman 4 (na realidade do longa, o filme Birdman 4 teria sido rodado a 20 anos atrás, o que é uma sútil referência ao fato de Batman o Retorno de Tim Burton ter sido lançado a 22 anos) sua carreira caiu no ostracismo e esquecimento do público em geral. O filme começa com Keaton ajeitando os maiores detalhes alguns dias antes, da sua estréia na Broadway com a peça "O que falamos, quando falamos de amor" inspirado num texto de Ray Carver.


Importante dizer que a principio, quando o filme começa e Michael Keaton esta realizando uma entrevista no seu camarim, existe essa citação ao filósofo/escritor Roland Barthes como vocês podem ver na imagem:


Acontece que para Barthes, a escrita é a destruição do autor. A grosso modo, para ele quando um fato é descrito através dos nosso signos de linguagem para tentar retratar o real com ideários subjetivos que temos a cerca das coisas,  o autor (morre) e a escrita começa. Existindo essa supressão do autor em prol da linguagem, não existe textos "únicos" e sim re-interpretações deles, e sempre será assim.

O que isso acrescenta para o filme é novamente, mais uma opção de metalinguagem genial. Riggan Thomson não só interpreta a peça de Ray Carver, ele a dá novas conotações, tanto por conta de seu personagem quanto pelo ator na vida real, Michael Keaton. O texto de Carver faz referências toda hora a vida de Michael Keaton, de forma genial.


Nesse diálogo da entrevista é interessante notar a visão pessimista de Iñarittu acerca dos veículos midiáticos como um todo, quando a repórter se limita a perguntar se Riggan teria usado "sêmen de porco" para rejuvenescimento facial. Em seguida, um outro entrevistador pergunta se Keaton teme que as pessoas achem que ele esta fazendo essa peça somente para combater a impressão de que ele é um herói ultrapassado. Keaton responde categoricamente que não, mesmo que essa negativa não seja de fato verdadeira, pelo menos não durante esse momento do filme.


Nesse momento somos apresentados ao personagem de Edward Norton, Mike Shiner. Em primeiro lugar, vamos a algumas coisas que acho legal ressaltar:

- Mike Shiner é apresentado como uma sugestão de ator para ser contratado, depois que o primeiro se machucou durante os ensaios da peça. Durante a conversa de Keaton e Galifianakis sobre a possível contratação do mesmo, Keaton diz algo como: "Pensei que ele estava ocupado, ou fazendo um novo..."  ao passo que Galifianakis interrompe: "Não.. ele saiu ou foi expulso." Isso pode ser uma nítida referência ao fato de Edward Norton ter sido eventualmente impedido pela Universal de interpretar uma sequência do filme Hulk (2008).

- O sobrenome "Shiner" é mais um divertido e sútil sinal da metalinguagem do filme, que faz menção ao temperamento errôneo e explosivo de Edward Norton, sempre querendo ser o centro das atenções (tanto no filme quanto na realidade).

-Assim como Riggan Thomson é Michael Keaton, Mike Shiner é Edward Norton.

O que acontece a principio é que Edward Norton é um ator de método, até as últimas consequências. O seu personagem não se permite se sentir vivo e sendo real fora dos palcos, pois sua persona é mutável. A persona verdadeira de Edward Norton é toda aquela ou qualquer uma que ele possa interpretar num palco hoje a noite. É por isso que ao ser sempre indagado por Sam sobre "Verdade ou Consequência ?" Mike sempre opta por verdade, alegando que a mesma é sempre mais interessante.

Porém o quão distorcido é a ótica de um homem que para continuar vivendo como um ser humano, precisa ver a si mesmo comportando-se como outra pessoa ? Talvez seja este o principio básico, inevitável e motriz por trás da diligência de atores num teatro, no cinema. O fato de não fingir, não omitir ou emular e tomar para si até o limite a máscara de outrem. Porém isso acarreta um sério processo de desumanização fora dos palcos, pelo menos é o que o filme tenta dizer no começo:





Quando Mike beija Sam a principio, a mesma se afasta como se houvesse experimentado um beijo sem vida, sem expressão. Ela para na porta de saída do terraço e faz novamente a pergunta "Verdade ou consequência?", e mais uma vez Mike escolhe pela Verdade (chega ser cínica a insistência do personagem por essa virtude). Já no teatro, Sam pergunta a Mike como ele consegue fingir ser outrem quando esta lá embaixo, todas as noites, e o mesmo afirma que já não finge mais quando está lá. Pode fingir em outros lugares, mas não ali.

É então que os dois se beijam intensamente pela primeira e única vez durante a projeção. E reparem que isso acontece justamente dentro do teatro, o piso sagrado e inviolável pro ator... o que nos deixa a pergunta: ele estava atuando ou sendo sincero naquele momento ?

Mike serve de contraponto no primeiro e no começo do segundo ato para Keaton. O personagem durante o segundo ato não volta mais ser mostrado durante o filme, tendo sua figura metaforicamente sendo substituída pela da crítica do Times. O contraponto reside exatamente na máxima de que Norton simplesmente não se importa com que os outros irão pensar dele, principalmente a critica. Ele não teme a crítica porque esta sendo sempre segundo sua ótica, real enquanto atua, portanto esta protegido pelos frutos do seu próprio trabalho. Ele serve de contraponto para Keaton entender o que é a arte verdadeira e perceber como seus parâmetros de busca por ela estavam equivocados. Por conta dessa devoção ao trabalho, é que ele é amado pela crítica, faz rios de dinheiro e todas as outras coisas como  Galifianakis diz em certo momento da projeção.
O fato de Mike também ser pouco mostrado a partir do segundo ato, se deve ao fato que o filme se passa tentando acompanhar a ótica de Riggan, que por conta de seu ego nunca esta presente e nem repara nos presentes que estão ao seu redor.

Em relação a Shiner e a Birdman de modo geral, podemos dizer sucintamente:



"A popularidade é o primo pobre do prestígio"


                       Keaton/Thomson e a busca por aceitação

O filme todo é sobre como Michael Keaton se vê, e sua busca incessante e árdua para fazer com que o mundo também o veja assim. Porque na realidade ele é apenas um produto, uma mercadoria criada em um filme dos anos 80, que já não corresponde mais nem aos anseios da nova geração (isso é mostrado quando uma mulher mais velha pede para tirar uma foto com Keaton enquanto seu filho pergunta: "Quem é esse?").

Nesse sentido o trabalho de montagem é simplesmente genial porque faz duas alusões:

- Keaton é simplesmente impressionado com o fato de que é um grande ator, mas que ninguém ainda sabe disso. Por conta de alimentar tanto esse ego, a câmera do filme esta sempre o acompanhando e por vezes deixando as outras pessoas fora do enquadramento, em outros pontos geográficos do cenário enquanto Michael perambula pelos corredores do teatro. Simplesmente para exemplificar que para o personagem não existem cortes até a estréia da peça, tudo é pressão, e que obviamente, o ego de Riggan o impede de observar as pessoas ao seu redor.

-A ideia de que a arte é uma virtude humana subjetiva, portanto deve sempre estar acompanhando quem lhe interpreta para que garanta ao público de que estamos vendo um verdadeiro espetáculo de arte, desde dos seus pormenores até a estréia.

Emmanuel Lubezki que já tinha trabalhado com Alfonso Cuáron no premiado Gravity, e em Children of Men, nos entrega também essa peça de arte lindíssima, alternando a paleta de cores quentes para frias para indicar estados lúcidos e estados 'brutos', metaforicamente em relação aos personagens. Enfim. Todos os créditos para a parte técnica.

Mas voltando.
Toda sequência na Times Square pra mim, é genial. É nesse ponto também ao meu ver, que Keaton começa sua redenção para culminar no fim do filme.



Primeiramente, acho legal ressaltar alguns contrastes (ou não). Enquanto Michael Keaton esta atravessando a calçada, ele é obrigado a passar em frente a uma apresentação de tambores da Disney, que estava sendo realizada nas localidades. A cena de Keaton de cueca atravessando a rua com o logo da Disney no fundo não só é engraçada como triste de acordo com a reação das pessoas.
Um pouco antes um homem diz para Riggan: "Me de um autografo! Ahhhh, vamos. Não seja um imbecil", desconsiderando totalmente o fato de uma pessoa estar sendo ridicularizada na rua por estar praticamente nua. Estamos nos tornando tão consumistas e cegos que não nos privaríamos de tornar ridícula a figura de outro ser humano, para satisfazer nossos anseios mais banais. Quantas vezes você já viu imagens grotescas de cenas de morte, sendo espalhadas por grupos em Whatsapp's da vida, com intuito de choque/teor 'cômico'? Pois bem
.O engraçado é que depois dessa cena é dito que um vídeo foi gravado dessa caminhada vexaminosa de Keaton na Times Square, e o vídeo em menos de uma hora atingiu 1 milhão de visualizações, ao passo que Sam diz para o pai: "Acredite ou não, isso é poder". Ao meu ver se este incidente houvesse acontecido no inicio da projeção, Riggan poderia ter dado mais atenção ao fato, mas não. Ele simplesmente se sente envergonhado, ainda não que pelas razões certas. Lembrando sempre da frase: " A popularidade é o primo pobre do prestígio".

Ao meu ver esta é a primeira cena de redenção do personagem e do ator em si, Michael Keaton. É como uma queda que na verdade é um salto quântico em termos de arte. É uma metáfora para renúncia de conforto do ator, se apresentando totalmente nu diante da plateia. O ator esta simplesmente sem nenhum artifício externo que não seja seu corpo, e esta totalmente exposto para todos. Ao meu ver essa foi a primeira vez que vi Michael Keaton atuando de verdade nos cinemas, por isso considero outro forte e eficiente uso da metalinguagem do filme que proporciona cenas como essa. Porém Keaton ainda não percebe isso e acha que tudo esta ocorrendo como um verdadeiro desastre.

É importante se ater também no texto de Ray Carver que é dito aqui durante a cena:
"Qual é o meu problema?
Porque preciso implorar para que vocês me amem ?
Eu só queria ser aquilo que vocês queriam
Agora passo todos os dias tentando ser alguém que não sou."

O trecho é uma nítida referência a situação de Keaton/Riggan enquanto ator, buscando aceitação e se transformando em algo descartável, irreconhecível depois disso. Esse texto ainda vira a ser citado no fim do filme com alguns complementos.

Ao confrontar a crítica num dos diálogos mais sinceros do filme, esse seria o complemento de seu primeiro passo para se tornar um ator de verdade. A conversa toda deu a ultima motivação a Riggan e o compreendimento de que não importa o que ele fizesse, a crítica não gostaria. Então ele iria ser o que ele queria ser no palco, simplesmente ignorando a tudo e a todos.



Há particularmente uma cena engraçada depois da cena do bar. Enquanto Keaton vai numa especie de "mercado psicodelico" para poder comprar bebida, existe um mendigo do lado de fora que não para de falar frases de efeito:


A cena é uma leve alfinetada de Iñarittu nos trailers de filmes de super-heróis, que precisam constantemente estarem pontuando cena pois cena no intuito de criar uma atmosfera, evidenciando a mediocridade dos seus roteiros. E as milhões de luzes também podem ser interpretadas como uma metáfora para a intoxicação de informações que esses filmes trazem. E é aqui nesse ponto que o filme dividiu muitas pessoas.



  Birdman é um filme contra os filmes de super-heróis?



Sim e não. É muito básico e sintomático dizer que Birdman é um filme contra super-heróis, e ponto final. O filme, principalmente na sequência da imagem acima, faz uma crítica de modo geral a industria e não somente aos super-heróis. Se o filme tivesse sido rodado nos anos 80, a crítica teria sido feita aos filmes de ação. Portanto, não dá pra classificar de supetão as críticas do filme.

O filme vê sim, com um olhar depreciativo e pessimista em relação ao publico que cada vez menos reconhece o esforço pela arte e valoriza apenas o medíocre. Vi muitas pessoas dizendo que Iñarittu foi prepotente em dizer que os filmes de super-heróis não valorizam a verdadeira arte, e pode ser que tenha sido ou não, mas o fato é, ele nunca disse que o filme DELE é uma verdadeira arte. E esse é o ponto. Arte de verdade é o que Michael Keaton fez nesse filme, sem nenhuma segurança de retorno, no ostracismo, levando seu personagem as últimas consequências interpretando a si próprio e não Robert Downey Jr. fazendo seus filmes com cachê de 50 milhões de dólares, aonde ele simplesmente dá a minima pro que vai sair disso. Acredito que tenha sido isso que Alejandro queira ter dito, o que também não anula o fato de que Downey Jr. pode sim um dia vir a fazer arte com algum valor agregativo.

É importante ressaltar que até nisso o filme tem pequenos cuidados para não gerar interpretações equivocadas. Percebam que existem duas visões de arte no filme:

Arte advinda da elite intelectual: Defendida pela mulher do jornal Times, do qual o filme faz questão de mostrar que não concorda.

Processo artístico advindo da entrega de quem a faz em nome da própria arte: Mike Shiner defende isso e aos poucos Keaton percebe que essa é uma das unicas maneiras de fazer arte real e sincera.

                        E o final ? Michael Keaton morre ? O que é o                                             cometa ? A cena da praia ?

O final de Birdman é simplesmente brilhante pelo fato de responder e ao mesmo tempo, deixar em branco várias questões. Mas segundo meu ponto de vista, vou tentar esclarecer algumas delas:



No começo do filme, temos essa cena aonde uma série de águas vivas estão jogadas na areia de Malibu. Um breve corte e vemos um "meteoro" caindo dos céus, rompendo as nuvens quando de repente, a cena é cortada novamente.

A cena das águas vivas é sobre uma lembrança de Riggan, aonde ele diz para esposa dele que durante um aniversário da sua filha, aonde ele teria traído a esposa e tendo sido descoberto no mesmo dia, Keaton teria tentando se matar afogado no litoral de Malibu. Porém ao tentar se afogar o mesmo sente como se houvesse "frigideiras quentes" contra suas costas, aonde mais tarde ele percebe que na verdade eram águas vivas.

Porém, como mostrado no inicio da projeção, as águas vivas estão afastadas do mar, jogadas na areia (o que contraria o relato de Riggan, pois não teria se queimado acidentalmente com águas vivas na areia. Elas estavam no mar). E em seguida a cena corta para uma imagem de algo que se assemelha a um cometa caindo dos céus o que indica nitidamente que aquela não é de fato uma lembrança e sim um sonho.

Simbolicamente há uma questão muito forte no que diz respeito a uma comparação com Icaro e sua tentativa de voo para sair do labirinto do minotauro, para que escapasse da ilha de Creta. Icaro assim como Birdman tem suas asas feitas de modo artificial e aspira a grandes feitos, que no caso do personagem mitológico, é a questão do voo que para Riggan significa ser reconhecido, ser amado. Porém Icaro tendo suas asas sendo feitas de cera, as vê sendo derretidas e caindo abruptamente sobre o mar, outra forte alusão a praia que aparece nos sonhos. Para Riggan, é a mesma coisa: o preço por falhar na sua tentativa de ser grande é a sua morte como artista.

A água viva sozinha na praia representa, pelo fato da mente de Keaton ter associado isso aos eventos, sua falha como pai, como marido e como ator. Ela representa isso pois esse episodio foi marcado na vida do personagem como sua tentativa mal sucedida de suicídio, e simbolicamente só representa seus erros.

E percebam que Icaro no começo do filme esta caindo, ou seja, a principio o primeiro sonho de Riggan é sobre queda, sobre o medo de que ELE fosse esquecido por conta de seus erros, apagado da história.


Então voltamos para o teatro, na estreia da peça. Keaton pelas razões aqui já citadas, simplesmente entende o que significa a arte ou pelo menos, entende o que as pessoas que ali estavam consideram como arte verdadeira. E então se entrega na redenção máxima do personagem no teatro, quando o mesmo dá um tiro no seu próprio nariz, espalhando o próprio sangue pelo palco.
Não vamos nos esquecer que Edward Norton fez a mesma coisa com seu personagem em Clube da Luta, atirando de raspão contra a própria têmpora, ainda que por motivos diferentes, mas ainda sim para tentar matar o seu alter ego (no caso Tyler Durden. No caso de Birdman, simplesmente ele: Birdman).

Depois desse gesto insano, toda a crítica e todos no teatro levantam para aplaudir Keaton calorosamente, inclusive a crítica do Times sai do teatro engolindo seu próprio orgulho, evitando bater palmas na frente dos atores. Todos ovacionam a peça.



Ai então, temos essa cena no final do filme:


Essa cena é praticamente a mesma do inicio do filme só que agora, a praia esta repleta de pássaros sobrevoando as águas vivas. Lembra que as águas vivas eram  o sinal de fracasso de Riggan ? Lembravam a morte, pois teriam aparecido para ele depois de uma tentativa de suicídio. O que essa cena nos diz é que agora, quem esta morto é Birdman, não Riggan/Keaton. Finalmente, Keaton conseguiu a aprovação que tanto almejava e acabou com a sina de ser um ator que só interpretou um grande personagem na sua vida (assim como é na vida real).

E percebam também que agora o dito "meteoro" que seria Icaro, não esta mais caindo, ele esta em ascensão, passando pelo céu como uma estrela cadente, que analogamente, é como carreira de Keaton agora que sera eternizado.



O que vem a seguir pode ser interpretado de dois modos: Keaton morreu realmente na cena do teatro (o que eu não acredito). Mas se morreu, podemos dizer que a cena da plateia o ovacionando é sim verdadeira porque é depois dela em que entram um dos primeiros cortes do filme (quebrando a narrativa). Portanto o personagem de um jeito ou de outro, conseguiu aprovação unânime.

Keaton não morre na cena do teatro: é o meu final. Como o filme é muito, muito metafórico, resolvi escolher esse final porque não creio que o fim do filme seja tão simplista como alguns apontam.

Keaton acorda no hospital com uma máscara que lembra a máscara de Birdman, e ao tira-la e joga-la fora quando vai ao banheiro, vendo o próprio Birdman pela primeira vez no filme agindo como um humano sem poderes, prova que o seu ego na verdade já esta morto. Agora ele esta pronto pra fazer a verdadeira arte.

A cena final na minha opinião é uma outra metáfora para alusão de que agora, a filha finalmente o enxerga como ele o é: um grande ator. O fato de Michael Keaton ter se livrado antes do Batman, ops, Birdman, ao ir no banheiro e em seguida a filha olhar para os céus como se estivesse admirada com algo que vooa, quer dizer que agora os voos de Michael Keaton/Riggan não dependem mais do personagem Birdman, porque ele sozinho pode alçar o voo que quiser.

E por isso, o poema de Ray Carver é tão importante:

"E você, conseguiu o que queria da vida apesar de tudo?
Eu consegui.
E o que você queria ?
Poder chamar-me de querido, e ser amado neste mundo"


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